Rádio Vida Nova
Um pouco da história da Rádio Vida Nova
No início dos anos 30, Jaboticabal ainda recebia os fluxos do desenvolvimento que a tornaram um centro referencial da cultura em toda a região. Paralelamente a esse desenvolvimento, o rádio estava em estágio de grande desenvolvimento em todo o país, pontificando como uma novidade nos lares. Inicialmente, a fundação de uma emissora exigia uma série de imposições legais, que dificultavam o sonho de muitas cidades.
Em 1931, começa no Brasil a revolução radiofônica, mas o rádio existia antes disso. A transmissão pioneira é do ano de 1922. As emissoras começam a se instalar em 1923, funcionando em forma de sociedade ou clubes pelos seus associados, com o fim de difundir a cultura e favorecer a integração nacional.
Por essa razão, as primeiras emissoras se denominavam Rádio Sociedade (do Rio de Janeiro, 1923; de São Paulo, 1924) ou Rádio Clube (Paraná, Pernambuco, São Paulo, Santos e Ribeirão Preto – todas em 1924). Até o início dos anos 30, com 21 emissoras instaladas no país, a programação se baseava em música clássica, ópera e textos instrutivos.
Precisamente em 1931, o governo passou a se preocupar seriamente com o rádio definindo-o como “serviço de interesse nacional e de finalidade educativa”, regulamentando o seu funcionamento e passando a imaginar maneiras de proporcionar-lhes bases econômicas sólidas. O Decreto de Lei 21.111 de 1º de março de 1932 autoriza a veiculação de propaganda pelo rádio.
Em Jaboticabal, nessa época dotada de muitos empreendedores, aventou-se a ideia de fundar uma estação de rádio. Mesmo com as dificuldades de montagem e instalação, esse pioneirismo partiu de verdadeiros idealistas: Osman Docce, Mario Guarita Cartaxo, Dr. Ary Fernandes Costa, Egydio de Souza, Alcídes do Amaral Gurgel Peixoto e Augusto Tonanni.
Para tanto, idealizaram uma sociedade incorporada, com vendas de ações, ou seja, sociedade anônima, regida por uma diretoria escolhida pelos acionistas. O primeiro passo foi escolher um local para abrigar a emissora e outro para vender as ações, recaindo este último na Avenida Pintos, número 53ª, que a parte térrea era locada ao Sr. Mário Guarita Cartaxo, o qual era representante do Jornal A Folha de S. Paulo, em toda a região.
Mas o grande entrave era a falta de conhecimento desses acionistas, que encontravam algumas dificuldades na regularização legal da emissora. Foi então que buscaram na cidade de Ribeirão Preto o Sr. José Claúdio Louzada, que havia se associado ao Sr. José da Silva Bueno, profundo entendedor em montagem de transmissores. Ambos fundaram naquela cidade a PRA.7 e com isso tinham profundo conhecimento, tanto na área técnica como na elaboração de pedido e reconhecimento ao Ministério da Viação. Essas duas capacitadas pessoas, além de ajudarem os acionistas da PRG. 4, acabaram adquirindo ações da emissora, sendo o Sr. José da Silva Bueno o acionista com o maior número de ações.
É importante esclarecer que, de início, ficou acertado que o Sr. Louzada viria orientar e gerenciar a rádio em nossa cidade de Jaboticabal.
Depois de integralizar o número de acionistas e atender os objetivos do grupo, foi marcada uma reunião geral que se efetivou em 6 de julho de 1934, formando uma diretoria provisória, que teve na pessoa do Sr. Augusto Tonanni o seu presidente e como vice-presidente o Dr. Joaquim Ferreira Batista Sobrinho. Deliberou-se, nessa reunião, a aprovação do estatuto da sociedade, como também os meios para requerer junto aos órgãos federais a legislação para o funcionamento da rádio.
Exatamente no dia 20 de setembro de 1934, foi dada como a data oficial da fundação da emissora, ficando apenas no aguardo de ordens do Ministério da Viação para legalmente funcionar. Dentro desse clima de expectativa, buscou-se um local de funcionamento e a opção recaiu na Avenida Benjamin Constant, número 46, descendo o Bar Progredior, à direita de quem desce, local que iria abrigar os transmissores e a irradiação dos programas.
No dia 12 de outubro desse mesmo ano, os acionistas deram uma satisfação para a população, explicando que o não imediato funcionamento se prendia ao fato de não ter sido expedida a autorização. Porém, a emissora iria transmitir precariamente com o transmissor improvisado e não definitivo, obedecendo 1 hora pela manhã, 1 hora pela tarde e 2 horas pela noite. Em 8 de dezembro de 1934, alegria total: chegava a autorização, e com ela o prefixo: PRG. 4, e os estatutos registrados legalmente.
Após receber a outorga do Ministério de Viação e Obras Públicas, a Rádio Clube de Jaboticabal foi oficialmente inaugurada em 23 de dezembro de 1935, com uma grande solenidade realizada no antigo Cine Teatro Polytheama, sob apresentação dos locutores Alceu Camargo Silveira e Agnello Macedo, e a presença de diversos artistas da Rádio Clube de Ribeirão Preto.
Depois de inaugurada, seus estúdios passaram a funcionar na Praça Jorge Tibiriçá, ao lado da Escola Coronel Vaz. Anos depois, seus proprietários originais venderam-na para o empresário Jayme da Silva Bueno. Na chamada era de ouro do rádio brasileiro, a PRG-4 (prefixo da emissora, usado até os dias atuais em seu slogan) foi a primeira casa de notórios profissionais, como Oswaldo Angarano, Otávio Muniz, Bruno Sobrinho (respectivamente pai e tio do também radialista Octávio Muniz) e Raul Tabajara, este último célebre por também ter narrado o primeiro jogo de futebol da TV brasileira, através da TV Record.
No início da década de 1970, a Rádio Clube de Jaboticabal passou por diversas transformações. Inicialmente, foi vendida ao radialista Renato Ramalho, época em que seus estúdios foram transferidos para uma nova sede na Rua São Sebastião, ao lado do hoje extinto Clube Jaboticabal. Em 1976, Ramalho vendeu a emissora para os empresários Carlos Assone e José Vicente Dias Leme.
Em 10 de setembro de 1986, a Rádio Clube de Jaboticabal foi adquirida pela Diocese de Jaboticabal, tendo como Bispo Diocesano Dom Luiz Eugenio Perez. Seus estúdios passaram para a Sede Social Diocesana, local que agora estamos. Na época, inspirado pelo Concilio Vaticano II, que dentre seus muitos frutos, resulta em um documento chamado Inter mirifica (Entre as maravilhas) de 1963, este decreto foi o primeiro texto da época a adotar a expressão “comunicação social”, recordando que esta deve ser considerada um processo entre seres humanos. Aborda ainda temas como o direito à informação, a opinião pública, a escolha livre, pessoal e responsável no lugar da censura. Daí ser um grande meio de evangelização, formação e informação para os fiéis da cidade e de toda a Diocese de Jaboticabal.
Após a venda, a emissora passou a se chamar Rádio Vida Nova e a ser dirigida pelo Sistema Evangelizador de Rádio Difusão. Em 12 de dezembro de 1996, Dom Luiz Eugenio Perez propôs e instituiu a Fundação Nossa Senhora do Carmo, tendo em seu estatuto que o presidente da mesma é o Bispo Diocesano, e esta passaria a ser a mantenedora da Rádio Vida Nova. No dia 20 de setembro de 2006, com toda a dedicação de Dom Antonio Fernando Brochinni, apoiado por seus padres diretores, a Rádio Vida Nova passou a transmitir em 10.000 watts de potência e, como se diz em uma de suas vinhetas, “ir mais longe, para chegar mais perto” de seus ouvintes.
Agora, após longa caminhada e vendo a necessidade de responder às exigências do mundo moderno, nosso Bispo Diocesano, Dom Eduardo Pinheiro da Silva, entrega a todos a tão esperada e desejada Migração. Em 19 de março de 2024, Solenidade de São José, ano em que a Rádio Vida Nova celebrou seus 90 anos, passou a transmitir em FM na frequência 103.1.